Ando cansada, chateada e ando muito desmotivada...
Ter os miúdos doentes também não ajuda...e há dias bons e outros menos bons!
Hoje é um menos bom por diversos motivos:
Os "terrible two" e a Táta, têm sido um desafio à minha paciência...e ela - a paciência - nunca ou quase nunca aguenta...e muitas vezes dou por mim aos berros com a miúda, comigo e com o mundo!
Entro num sistema nervoso tal, que uma bomba atómica ao meu lado são cócegas...
Ela deixou de comer - antigamente tinha um apetite enorme e de há uns tempos para cá só quer leite, leite e leite - chora, esperneia, grita...deixou de dormir as sestas...e eu juro por Deus que às vezes ela parece que fica possuída!...
A relação dela com a minha sogra (que está connosco desde finais de Setembro) também não tem sido pêra doce...se por um lado brincam juntas, às compras...e com os legos, por outro lado, o ódio/raiva/medo...eu sei lá o que lhe chamar...salta ao de cima e eu não posso nem sequer falar com a minha sogra...ou então a minha sogra não pode mexer-se ou inclusivé respirar...que tudo parece afectar a miúda...e se ela está atravessada, desata logo aos berros e faz birras monumentais...
Adivinhem lá para quem sobra?
Para a "Je"...óbvio...e depois só quer colo e ficar colada a mim..
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Acreditem que este comportamento tem sido bem difícil de gerir...e às vezes fico exausta porque já não sei mais o que fazer ou como agir! Não lhe vou constantemente bater...e pela conversa já sei que não resulta!
Ela não era assim com a minha mãe...e parva fui eu por idealizar uma realidade que infelizmente não aconteceu...
Pensei eu que o Vincent fosse aquele que - por ser mais pequeno - me fosse dar mais trabalho...mas como a minha avó dizia..."a pensar morreu um burro"!
E agradeço todos os dias (mesmo que às vezes não pareça) de ter cá a minha sogra para me ajudar com eles! O Vincent adora-a...e partilha muitas gargalhadas com ela!
Ao menos que uma das crianças esteja feliz...
Mas adiante com os meus desabafos e vamos ao que interessa...
Está a chegar Dezembro...
Se soubessem as saudades que tenho da minha família!
Tenho-as sempre, mas fico especialmente nostálgica nesta altura do ano...em que as festividades natalícias remontam ao tempo em que éramos todos (mais) unidos.
Um à parte para os comentários que provavelmente vão aparecer:
Sim, já sabemos...O Natal...é uma "festa do consumismo"...ou então (o que eu mais ouço)..."não é preciso ser natal para estar com a família", etc etc e tal.
Cada um pensa o que quer e como quer...mas devemos aceitar que todas as pessoas pensam de forma diferente e considerar que existem mais opiniões que não as nossas...portanto, aceitem a minha, como eu aceito a vossa!
Nesta época, recordo-me das viagens ao norte, da família completa à volta da mesa - sempre composta e bonita, recordo-me do pinheiro de natal delicadamente enfeitado, do presépio gigantesco sobre o musgo, da nossa inocência, da nossa excitação e sobretudo da nossa traquinice...no entanto...recordo-me também da missa do galo e das nossas noitadas depois da meia noite, a fazer um puzzle ou a brincar com um ou qualquer presente engraçado que possamos ter recebido à meia noite....até sermos forçosamente mandados para a cama pela minha mãe, pai ou tio (sim, a nossa tradição é abrir os presentes à meia noite, quem adormecer abre no dia seguinte de manhã).
Quem fala do natal do norte, fala também do natal no Barreiro...em que, com a nossa ajuda e sobre as mãos da minha mãe se tentava criar o mesmo tipo de ambiente já referido...
O meu pai adora(va) esta altura do ano! Todos nós, aliás, mas ele...recordo-me tão bem dele se fechar no escritório a embrulhar os últimos presentes que tinha comprado já em cima do acontecimento,
Até se reformar...foi sempre o trabalho que lhe ocupou mais tempo, mas ainda assim...nesta altura, ele fazia sempre uma última corrida às lojas antes delas fecharem as portas...!
Os anos passaram...E ficou isto...a recordação!
E não consigo deixar de me sentir triste...vazia mesmo...
Apesar de pertencer a uma família grande - éramos 6 em casa, a contar com os meus pais -...cada um seguiu o seu caminho e cada um construiu a sua própria família...
Quando há oportunidade encontramo-nos, óbvio!...mas os seis, num todo...nunca mais passaram um Natal juntos!
E agora ia ser tão giro...com os primos todos juntos a correr pela casa...e eles próprios, a construir memórias parecidas às nossas!
As minhas decorações ainda estão no sótão e muitas vezes a árvore só é montada a 17 de Dezembro...
O montar da árvore era um acontecimento feito, num serão e em família...sendo o mais novo dos irmãos (apesar da luta), incumbido de colocar a estrela no topo da árvore....
Hoje em dia, este ritual, costuma ser feito por mim e somente por mim...pois o maridão não liga de todo a esta época.
Tenho andado a mentalizar-me que este ano as coisas deveriam ser diferentes, que deveria montar a árvore de natal agora, no inicio do mês.
A Táta tem dois anos e quase meio...e este será o primeiro natal que ela vai entender como Natal...
Será que a quero privar disto?
Ou deverei eu começar a criar memórias com ela?
A questão do pai natal andou a assombrar-me a cabeça.
Aqui em Inglaterra é Santa Claus a torto e a direito...e eu não acredito muito na figura do pai natal, apesar de saber que ela...quando for para o colégio, escola...etc...vai ser bombardeada com essa realidade.
Mas eu não fui criada nessa ideia, fui criada na figura do menino Jesus - que a meu ver tem muito mais lógica...
Deverei manter a minha tradição ou ir de acordo com as massas?
Opiniões?
(é giro eu continuar a pedir opiniões...quando tenho a certeza que já tenho a minha formada...mas nunca se sabe! Alguém pode sempre aparecer com uma opinião/conselho fantástico)
Mas como mãe de duas crianças e casada com alguém que não liga de todo a esta época..conseguem entender a minha dificuldade?
Apesar de todas as opiniões sobre o natal...e de o facto de ser ou não uma "festa consumista", não me invalida de querer reviver e reavivar o meu passado!
Certo?
Afinal...das mais belas recordações que tenho são dessa época...e a isso agradeço de coração aos meus pais que sempre acreditaram na magia e nos fizeram acreditar na magia!
E é nisso que quero criar e educar os meus filhos...
Nessa magia!
Com amor,
IE